Há dias em que somo obrigados a parar.
Parar mesmo e fazer com que tudo faça sentido.
Hoje estou revoltada com o Mundo porque
estou temporariamente incapacitada de usar o braço direito!!! E logo hoje. Hoje
que queria abraçar o mundo só com um braço, que é o braço que me faz mais falta
para tudo, hoje mais que nunca… Me impede de escrever. E hoje queria escrever
tanto… Reclamo com tudo e com todos! Tive que ir para hospitais, agulhas, médicos,
repetir cem vezes as mesmas coisas… Logo hoje!
Estou no meio das minhas reclamações e
paro para ouvir e ver quem está a minha volta. Alguém que agradece a Deus ter
sobrevivido de um acidente de automóvel, que “só” partiu o braço, duas
costelas, uma perna e umas tantas marcas de cortes e de pisadelas; alguém com o
filho doente e que não sabe o que tem mas a criança está sempre com febre;
outra que acaba de desmaiar antes de poder descrever o que tem… e eu!!! Que
raiva! Eu ainda reclamo!!?? Percebo que não importa assim tanto a minha “incapacidade
temporária” quando alguém pode estar a lutar pela vida mesmo ao meu lado!
Percebo que a felicidade não é a ausência de
problemas mas, a capacidade e a forma como lido com eles. Olhamos para o que
temos e não para o que não temos. Devemos perceber o que ganhamos e não, focar
o pensamento no que perdemos. Não importa o que nos tiram, o que a Vida nos
leva, o que as pessoas levam de nós. O que importa é o que queremos fazer com o
que fica. E é nesse instante que somos melhores!
A vida às vezes é lixada. Dá-nos a volta e
fecha todas as portas que achamos que temos. Quando isso acontece é porque está
na hora de fazer coisas diferentes. Às vezes precisamos de contrariedades para
que nos forcem a ver as coisas de outra forma. Tudo que tem sabor a conquista
vem de uma luta! A dor, o sofrimento faz-nos crescer. Aprendemos.
Nem no Inverno chove todos os dias. Há
dias de sol. Por isso, as coisas menos boas não duram para sempre. E devemos
valorizar quando está tudo bem e aproveitar o bom da vida. Viver não é fácil, é
uma aprendizagem constante. Mas não podemos deixar de sorrir quando fica difícil.
E amanha é sempre um bom dia para recomeçar…
Cruzar os braços e só reclamar não faz as coisas ficarem melhores. Fazer
pouco é melhor que nada. Tentar é melhor que desistir.
O passado não pode
condicionar o futuro. Reclamar do ontem não melhora o amanha. Deixar de olhar
para o umbigo e perceber que há coisas que devíamos valorizar por não serem um
problema para nós.
Os erros e as marcas da Vida são sinais que a dor já passou e que
sobrevivemos. Ficamos mais fortes de cada vez que nos levantamos. Não podemos é
ficar reféns dos erros e das dores. Devemos deixar o medo e perceber que foram lições
de vida.
Não podemos achar que ganhamos alguma coisa com começos. A paciência é mais
do que saber esperar é saber ir à luta, até ao fim. Às vezes não é fácil, não é
um caminho sem curvas mas é a nossa determinação que está em causa. Cada passo
é mais um passo. Não importa se pequeno ou grande… é mais um passo! Saber que
somos capazes é a melhor sensação…
Sorrir para os outros que nos querem mal. Não deixar que os outros nos mudem,
nos tirem o foco. Esse tipo de pessoas não vale a nossa atenção. Muitas vezes
não é nada pessoal, o problema está nas próprias pessoas. São mal resolvidas.
São inseguras. São fracas. Não temos que impressionar ninguém. Temos que ser o
nosso melhor, para nós e por nós… Fazer o que nos faz feliz e com quem nos faz
sorrir.
Temos que ir buscar forças ao que nos faz reclamar. E apreciar a loucura da
vida, a confusão do dia a dia com um sorriso.
Podemos não estar onde queríamos mas vamos estar onde é o nosso lugar.
Sem medos. Sem medo de cair, de acreditar, de gostar, de dar… Sem medo de
abrir o coração. Ser forte quando as coisas forem difíceis porque o Mundo dá
muitas voltas. Que olhar para trás seja para ver o que aprendemos.
E depois de parar, percebo que não tenho razão para reclamar. Vou tornar
esta situação em algo que me faça sorrir. Vou enfeitar o meu braço. Vou ganhar
força na mão esquerda. Vou aprender a escrever com a outra mão. Vou
aproveitar-me da minha “incapacidade” para deixar que me mimem e que outros
façam as coisas por mim. Vou dar valor aos outros para quem, infelizmente,
estas situações não são temporárias e reaprendem a viver e são felizes!
Até consegui escrever tudo isto só com uma mão!!!!