terça-feira, 3 de novembro de 2015

Saber ter uma relação

Ter uma relação não é para todos. Amores instantâneos e paixões rápidas são o que mais existe. Mas a realidade, o dia a dia, a rotina, a partilha de tudo e de nada… Isso não é para todos. É preciso competência para lidar com a vida e com o que a vida nos traz. O medo e a consciência da incompetência de cada um leva a envolvimentos de aparências.
Dividir, partilhar não é uma tarefa fácil. As pessoas são diferentes umas das outras, com histórias de vidas diferentes, passados diferentes, ideias distintas mas que querem que juntas a vida dê certo. Querem o sonho de ter uma família. Infelizmente para alguns, não basta querer. Há uma data de coisas para as quais temos que estar preparados e que, ás vezes, até pensamos que estamos e, na prática… não é bem assim!
Assumir uma relação é aceitar que teremos que nos relacionar com a nossa própria sombra, aceitar os nossos erros sem culpar o outro por tudo de menos bom que nos acontece. É aceitar os nossos erros, defeitos, fracassos e dar ao outro a oportunidade de nos tornar melhores. Aceitar que se mudarmos, se aceitarmos, se cedermos não deixamos de ser nós próprios. Saber viver a nossa vida mas em partilha.
Tudo isto parece fácil durante um determinado período de tempo em que vamos satisfazendo as nossas carências, desejos e vazios. E assim, as pessoas vão-se tornando descartáveis e aceitam-se assim. A verdade é que há muita gente que não consegue mais que isto. E chega-lhes!
Mas eu quero o compromisso. A força da consistência. Quero quem se responsabiliza por mim e aceita as curvas e os labirintos de uma relação. Quero a confiança, o saber o que se quer, a consciência dos valores e das prioridades, o carácter. Quero alguém que reme para o mesmo lado em vez de não remar ou remar noutra direcção, impedindo-me de seguir. Quero alguém que lute por mim e comigo. Sem competição. Uma equipa. Quero alguém que me admire, que me respeite.

Não é fácil. Há muitos desencontros, desilusões e dor. Mas, mesmo assim a escolha é nossa. Podemos aceitar o caminho mais fácil e ficar só em modo de protecção e fechar o coração. Ou aceitar que a verdade existe e que aceitar menos só pelo medo, pela carência não faz sentido. Só faz sentido se for por amor. Amor quando existe chega.

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